quinta-feira, 30 de abril de 2009

Leslie Charteris

Leslie Charles Bowyer-Yin, que escreveu sob o nome de Leslie Chateris, nasceu em 12 de Maio de 1907 e faleceu em 15 de Abril de 1993. Além de escritor de histórias policiais foi também argumentista de cinema.
Foi o criador da personagem Simon Templar, mais conhecida por “O santo”, que surgiu pela primeira vez na novela The Saint Meets the Tiger em Setembro de 1928, a que se seguiram muitas dezenas mais.
O Santo é uma personagem que vive na margem da legalidade, tendo em determinada fase sido mesmo perseguido pela polícia. É uma espécie de Robin dos Bosques do século XX.
As histórias escritas por Charteris oscilam entre o género policial, com crime, investigação e descoberta do criminoso, em alguns casos, e a simples história clássica de aventuras, cheia de movimento e riscos para O Santo, mas sem qualquer investigação detectivesca.

domingo, 26 de abril de 2009

Patricia Cornwell

Patricia Cornwell nasceu em 9 de Junho de 1956 em Miami, na Flórida.
Tem uma temática muito específica nas suas obras, abordando temas forenses e tendo quase sempre como criminosos perigosos psicopatas.Aliás, o desequilíbrio psicológico e emocional não é só uma característica dos criminosos, mas de várias personagens secundárias dos seus livros.
Iniciou-se na escrita com um tema não ficcional: A Time for Remembering, mais tarde reeditado com o título Ruth: A Portrait, e que é uma biografia de Ruth Bell Graham.
Foi em 1990 que publicou, Post mortem, aquele que viria ser o primeiro episódio de uma série de sucesso, que tem como protagonista a médica legista Kay Scapetta.
É ainda autora de mais duas séries: Andy Brasil e Win Garano.
Tem quase todos os seus livros editados em Portugal, na Editorial Presença.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Estorninhos grelhados com polenta

Todos os anos, nos meados de Maio, 18 a 20 estorninhos são abatidos e transportados até à casa de Nero wolfe num prazo de duas horas.
O cozinheiro Fritz depena-os, salpica-os com sal e, quando acha conveniente, pincela-os com manteiga derretida. Os estorninhos são envolvidos em folhas de salva, grelhados e colocados num prato de polenta quente. A polenta é feita com farinha de milho amarelo, moída muito fina, formando uma papa espessa com manteiga, queijo ralado, sal e pimenta.
No ano em que Fritz resolveu adicionar aos estorninhos açafrão e estragão sem avisar Nero wolfe este ficou furioso. Como Archie Gododwin achou esse comportamento infantil, resolveu levar-lhe um adolescente, que entretanto tocara à campainha, para que ele lhe contasse uma história que achava muito grave.
Nasceu aí o caso “ As aranhas douradas”.

sábado, 18 de abril de 2009

Dennis McShade

Dennis McShade é o pseudónimo de Dinis Machado, escritor português nascido em 21 de Março de 1930 em Lisboa e falecido a 3 de Outubro de 2008.
Em 1967 lançou um livro, na colecção Rififi, que então dirigia, onde criaou a personagem de Peter Maynard, um assassino profissional. Trata-se de uma obra diferente no panorama da literatura policial, de um autor que nada a fica a dever aos maiores mestres internacionais, como Chandler ou Hammet.
A sua produção escrita neste género foi curta:
A mão direita do diabo (1967);
Requiem para D. Quixote (1967);
Mulher e arma com guitarra espanhola (1968);
Todos com a personagem Peter Maynard
Está previsto que em 2009 saia um inédito, Blackpot.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Colecção Vampiro

Hoje em dia, dificilmente se encontram colecções dedicadas à Literatura Policial. Por norma as editoras publicam autores de forma isolada, e portanto já consagrados. Algumas tímidas colecções que existem têm edição muito irregular.
Na segunda metade do século XX não foi assim. Foram diversas as editoras que apostaram em colecções especializadas e que dessa forma divulgaram inúmeros autores.
Uma das mais importantes foi a Vampiro da editora Livros do Brasil.
A colecção iniciou em Abril de 1947 com Poirot desvenda o passado, Five litle pigs. Penso que terá sido a primeira edição de Agatha Christie em Portugal. Pelo menos não encontrei registo na base dados da Biblioteca Nacional de edição anterior.
Tinha edição mensal, que manteve com regularidade durante mais de 50 anos. Os primeiros livros eram importados do Brasil, sendo a tradução brasileira, mas o sucesso que obteve junto do público português levou a que começassem a ser feitas traduções, nem sempre da melhor qualidade, para o português europeu.
O último livro publicado foi o número 703, já no ano de 2008. Espera-se que a colecção não tenha terminado e que continue a divulgar a literatura policial.
Fica o registo dos primeiros cinco livros da colecção:
1 - Poirot desvenda o passado, (Five litle pigs), de Agatha Christie
2 - O mistério dos fósforos queimados, ( Halfway house), de Ellery Queen
3 - O caso das garras de veludo (The case of the velvet claws), de Erle Stanley Gardner
4 - O barco da morte ( Death on the Nile), de Agatha Christie
5 - Knock-out ( Knock-out), de Sapper.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

As 20 regras de S.S.Van Dine (2)

(continuação)

11 – Um criado nunca deve ser escolhido pelo autor para culpado. Seria uma solução fácil. O criminoso deverá alguém importante, de quem não de deva suspeitar.
12 – Deve haver um único culpado independentemente do número de crimes que ocorreram. Pode ter um cúmplice, mas que tenha um papel irrelevante que permita que a culpa caia toda sobre os mesmos ombros.
13 – Sociedades secretas, camorras, máfias, não têm lugar no romance policial. O assassínio verdadeiramente lindo e fascinante estaria comprometido por essa culpabilidade colectiva.
14 – O método usado para cometer o crime deverá ser lógico e científico. A pseudo-ciência com os seus métodos especulativos e imaginativos não deve fazer parte do romance policial.
15 – A solução do enigma deve estar sempre bem à vista durante todo o romance, isto se o leitor for suficientemente perspicaz para a ver. De tal modo que se no final voltar a reler verifique que todos os indícios apontavam para a solução encontrada.
16 – O romance policial não deve conter longas passagens descritivas, análises de carácter ou preparação de “atmosferas”. O leitor dos romances policiais não procura floreados literários nem exercícios de estilo.
17 – O autor deve evitar escolher para culpado criminosos profissionais. Os delitos dos arrombadores e dos bandidos pertencem à polícia e não aos autores ou aos detectives amadores.
18 – O crime nunca deve ser resolvido como um acidente ou um suicídio.
19 –Os motivos do crime devem ser pessoais. Intrigas internacionais e guerras políticas pertencem a outro tipo de ficção. O romance deve reflectir as experiências quotidianas do leitor e servir de escape para os seus desejos e emoções reprimidas.
20 – O autor não deve usar truques e situações já muito usadas por outros autores:
a) Determinar a identidade do culpado por comparação entre uma ponta de cigarro encontrada no local do crime e a marca que o suspeito fuma.
b) Falsa sessão espírita em que o culpado aterrorizado confessa.
c) Falsas impressões digitais.
d) Álibi com uso de um manequim.
e) O cão que não ladra revelando que o intruso era conhecido.
f) O culpado gémeo do suspeito ou um parente muito parecido.
g) A seringa hipodérmica e o soro da verdade.
h) O crime cometido num compartimento fechado, na presença de polícias.
i) O emprego de associações de palavras para descobrir o culpado.
j) A decifração de um criptograma ou de um código cifrado.

S. S. Van Dine

segunda-feira, 6 de abril de 2009

As 20 regras de S.S. Van Dine

S.S. Van Dine não considerava o romance policial como um género literário. Para ele, tudo se resumia a um jogo entre o autor e o leitor. Para melhor regulamentar esse jogo, estabeleceu em 1928 no The American Magazine, um conjunto de 20 regras às quais deveriam obedecer as histórias policias. Felizmente, muitos e consagrados autores as violaram.
Resumidamente, eis o seu enunciado, numa adaptação resumida .
1 – O leitor e o detective devem ter iguais oportunidades para resolver o problema. Todos os indícios devem ser claramente enunciados e descritos
2 – O autor não deve empregar para com o leitor nenhum truque ou astúcia , que não sejam, os que o criminoso emprega contra o detective.
3 – Não deve haver enredo amoroso. O objectivo é levar um criminoso ao tribunal e não um casal ao altar.
4 – O detective nunca deverá ser o criminoso, assim como qualquer outro investigador.
5 – O culpado deve ser encontrado por um conjunto de deduções lógicas e nunca por acidente, por coincidência ou confissão voluntária.
6 – Toda a história policial deve ter um detective. A sua função é recolher as pistas que permitam identificar quem cometeu o crime no primeiro capítulo. Se ele não chegar a uma conclusão satisfatória, está na mesma situação de uma criança na escola que resolve um problema fora das regras da aritmética.
7 – Tem que existir sempre um cadáver nas histórias policiais, e quanto mais morto melhor. 300 páginas, são demasiadas páginas sem oferecer um crime de morte. O dispêndio de energia do leitor tem que ser recompensado.
8 – O problema policial deve ser resolvido por meios estritamente naturais. Métodos como leitura da mente, reuniões espíritas, transmissão de pensamento, bolas de cristal estão excluídos. O leitor deve ter oportunidade igual à do detective para solucionar o mistério; se ele tiver que competir com espíritos, fica em desvantagem.
9 – Apenas deve existir por história um detective. Usar 3 ou 4 detectives, além de complicar a clareza das deduções, coloca o leitor em desvantagem.
10 – O culpado deve ser alguém que teve um papel importante no desenrolar do romance, que seja familiar ao leitor e por quem ele se interessou.
(continua)

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Perry Mason

Perry Mason é a mais famosa personagem criada por Erle Stanley Gardner.
Apesar das várias dezenas e aparições em novelas e contos é uma personagem curiosa do ponto de vista da sua descrição física. Esta é quase inexistente. Erle Stanley Gardner pouca informação dá sobre o advogado. Surgem por vezes referência ao rosto na perspectiva de dar confiança às pessoas ou não traduzir emoções, mas pouco mais.
É também uma personagem sem passado, família ou vida fora dos casos descritos.
Não se ocupa de casos banais de heranças ou conflitos comerciais. Logo no seu primeiro caso, “O caso das garras de veludo” ele diz para a sua cliente.
“Ainda ninguém veio procurar-me para organizar uma companhia, e nunca fiz um inventário. Não formulei mais de uma dúzia de contratos em toda a vida, e eu não saberia como proceder para executar um hipotecado”
Ainda no mesmo livro fica claro que Perry Mason é um profissional, que enquanto tal deverá ser pago. A investigação do detective diletante e rico tão frequente nas décadas anteriores, não se aplica a esta personagem.
Diz ele da cliente:
“ Para mim ela representa quinhentos dólares de adiantamento. E mais mil e quinhentos quando a coisa ficar resolvida”
“- Que me importa que ela facilite ou não o meu caminho? – perguntou ele. – Ela é uma pessoa que paga o meu tempo. Tempo é tudo o que estou empregando nisto”.
O pouco dinheiro dos clientes nunca será razão para que Mason recuse um caso, mas mesmo nessa situação, acaba por vir a ter o pagamento devido. Esses clientes no final têm sempre possibilidade de pagar.
Regra geral a solução dos casos decorre em pleno julgamento, quando Mason tem que defender o seu cliente acusado de assassínio. Não raras vezes o próprio advogado corre o risco de ser acusado de obstruir a justiça ou mesmo de mentir ao tribunal.
Trata-se de uma boa série, apesar do nível qualitativo das diferentes novelas ser bastante heterógeneo, em que para além do caso policial, se pode analisar o funcionamento da justiça norte-americana. Alguns dos livros são excelentes, mas surgem outros, felizmente poucos, de qualidade bastante fraca.