Eça de Queiróz e Ramalho Ortigão não ficaram na história da literatura por serem autores de
livros policiais, no entanto, são considerados os precursores da Literatura
Policial Portuguesa.
A obra que
escreveram em parceria, O mistério da estrada de Sintra, nasceu de uma ideia de Ramalho Ortigão, e foi
publicado em folhetim entre 24 de Julho e 27 de Setembro de 1870 no Diário de
Notícias e mais tarde em livro.
Publicado
diariamente sob a forma de cartas anónimas, o mistério intrigou os leitores da
época, criando um clima de dúvida sobre o que realmente se teria passado, e
fazendo acreditar que os factos eram verídicos. Apenas em 27 de Setembro Eça de
Queirós e Ramalho Ortigão se identificam como os autores das cartas,
classificando os textos como ficção.
Deve realçar-se
que, alguns anos mais tarde, em 1884, numa das edições publicadas em livro, os
autores consideram a sua obra execrável, fazendo mesmo humor com pormenores do
texto que tinham escrito 14 anos antes.
Não existe
nesta obra uma investigação nem uma ação do criminoso que tenta iludir a
justiça. Todo o romance é a narração de um crime, em que só no final se sabe
quem o cometeu. Sabem-se os pormenores porque os diferentes protagonistas os
vão narrando e não porque sejam resultantes de investigação. Noutros países já
se escreviam obras, que sem dúvida tendo uma qualidade literária menor, tinham
no entanto características policiais muito mais evidentes.
Para quem nunca
leu e quer conhecer a evolução da literatura policial portuguesa não deixa de
ser uma obra de referência.
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