quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

O Colecionador de erva

Francisco José Viegas é um caso de longevidade na escrita de livros policiais. Desde 1987 que Jaime Ramos e Filipe Castanheira, em conjunto ou individualmente, são protagonistas na investigação de crimes. Com alguns dos seus livros seus publicados na França, no Brasil, na Alemanha, na Itália e na República Checa, este autor é um exemplo de que é possível criar ambientes de investigação criminal em Portugal e exportá-los para outros públicos.
Jaime Ramos, inspetor da Polícia Judiciária, a personagem criada por Francisco José Viegas, aparece mais uma vez na investigação de um conjunto de mortes. Surgem cadáveres, aparentemente sem ligação, obrigando Ramos e a sua equipa ao trabalho de averiguação, tentando ligar essas mortes ao desaparecimento de uma jovem de uma família tradicional do norte do país.
 Embora sendo polícia, fica-se por vezes com a dúvida de qual é o lado em que Jaime Ramos ou os seus subordinados se colocam, nomeadamente quando, como ocorre nesta situação, Isaltino tem que ignorar alguns atos menos claros da sua colega Olívia, que o autor, em entrevista, afirmou poderá vir a ser personagem principal no futuro.
Acompanhar as investigações de Jaime Ramos é mergulhar no mundo português de alguém que não quer saber de convenções sociais e morais. É percorrer caminhos da gastronomia portuguesa. É analisar as convulsões sociais e históricas dos últimos 40 anos em Portugal.
Em O colecionador de erva, publicado em 2012, cruza-se o mudo europeu com o africano e o brasileiro. O tráfico de droga, os negócios em Angola, tudo se combina num processo catalisador de que resultam as várias mortes.
Jaime Ramos, coadjuvado por Isaltino Morais, irá desvendar o caso, mas, como sempre, Francisco José Viegas nunca dá a resposta completa e clara a todas as dúvidas. Há sempre ilações que ficam para o leitor.

Refira-se ainda que, segundo o autor, este romance teve inspiração num caso real de que ele teve conhecimento.

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