Francisco José Viegas
é um caso de longevidade na escrita de livros policiais. Desde 1987 que Jaime Ramos
e Filipe Castanheira, em conjunto ou individualmente, são protagonistas na investigação
de crimes. Com alguns dos seus livros seus publicados na França, no Brasil, na
Alemanha, na Itália e na República Checa, este autor é um exemplo de que é
possível criar ambientes de investigação criminal em Portugal e exportá-los
para outros públicos.
Jaime Ramos, inspetor da Polícia Judiciária, a personagem
criada por Francisco José Viegas, aparece mais uma vez na investigação de um
conjunto de mortes. Surgem cadáveres, aparentemente sem ligação, obrigando
Ramos e a sua equipa ao trabalho de averiguação, tentando ligar essas mortes ao
desaparecimento de uma jovem de uma família tradicional do norte do país.
Embora sendo polícia,
fica-se por vezes com a dúvida de qual é o lado em que Jaime Ramos ou os seus
subordinados se colocam, nomeadamente quando, como ocorre nesta situação, Isaltino
tem que ignorar alguns atos menos claros da sua colega Olívia, que o autor, em
entrevista, afirmou poderá vir a ser personagem principal no futuro.
Acompanhar as investigações de Jaime Ramos é mergulhar no mundo
português de alguém que não quer saber de convenções sociais e morais. É percorrer
caminhos da gastronomia portuguesa. É analisar as convulsões sociais e
históricas dos últimos 40 anos em Portugal.
Em O colecionador de
erva, publicado em 2012, cruza-se o mudo europeu com o africano e o
brasileiro. O tráfico de droga, os negócios em Angola, tudo se combina num
processo catalisador de que resultam as várias mortes.
Jaime Ramos, coadjuvado por Isaltino Morais, irá desvendar o
caso, mas, como sempre, Francisco José
Viegas nunca dá a resposta completa e clara a todas as dúvidas. Há sempre
ilações que ficam para o leitor.
Refira-se ainda que, segundo o autor, este romance teve
inspiração num caso real de que ele teve conhecimento.
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