terça-feira, 27 de maio de 2014

Poirot e os 4 relógios

Poirot e os 4 relógios não será uma das melhores obras de Agatha Christie.
A escritora usa um truque já utilizado em outras obras: a testemunha que sabe, mas não desconfia do que sabe. As palavras usadas pela testemunha poderiam ter duas leituras, mas um leitor conhecedor do estilo de Agatha Christie, quando lê a frase que essa testemunha diz ao polícia, fica imediatamente a perceber por quem é que pode ter sido cometido o crime.
Poirot e os 4 relógios é uma história em que a trama gera excessivas coincidências, com as personagens a terem demasiadas relações entre si. 
Em termos de processo narrativo é um livro interessante, pois este é um caso em que  Poirot não investiga. Descobre quem cometeu o crime a partir do relato que lhe é feito por um dos investigadores.

Da resolução do caso permaneceram várias interrogações que não tiveram resposta cabal, não ficando claro onde foi cometido o crime e como apareceu a vítima nesse local.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

O Escaravelho de Ouro

A coleção O Escaravelho de Ouro surgiu em 1950, propriedade da Empresa Editorial Édipo, LDA. Editava autores de qualidade e algumas obras de publicação recente.
Para se promover, esta coleção sorteava, por cada livro que saía, uma viagem a uma cidade de outro país. A primeira foi a Londres, a segunda a Roma, a terceira e a quinta  a Paris, a quarta a Madrid e a sexta ao Rio de Janeiro. Este sorteio era feito por um sistema de senhas numeradas que acompanhava cada exemplar. Quem tivesse as senhas correspondentes a 12 livros  diferentes poderia  habilitar-se  a uma viagem de volta ao mundo.
A coleção publicou 40 volumes.
Os primeiros cinco volumes da coleção foram:
1 – Três igual a um, de Stanislas A. Steeman.
2 – Homem ao mar, de F. Wills Crofts
3 – Jogo duplo, de Lucien Prioly
4 – Rapto na morgue, de Jonathan Latimer

5 – Missão trágica, de Richard Starnes

capa do nº 6

terça-feira, 13 de maio de 2014

Perigo Duplo

Alex Cross vê-se envolvido na perseguição de um assassino em série que gosta de matar para assistências públicas, e que faz tudo para que seja Alex Cross a estar na investigação dos crimes.
Entretanto Kyle Craig, um assassino em série preso por Cross, consegue fugir da prisão e este aguarda que ele venha à sua procura.
Foi o primeiro livro de James Patterson que li. Percebi que este romance pertence a uma saga, com personagens que vêm do passado. Apesar dessa fundamentação em episódios anteriores, não há qualquer interferência no relato descrito em Perigo Duplo.
É uma história de uma perseguição, sem qualquer investigação policial, onde o autor gere a ausência de informação que o protagonista não tem, mas que o leitor vais tendo, uma vez que há capítulos narrados pelo criminoso.
A trama é pouco realista, e o autor exagera na forma fácil como o assassino consegue atuar, sem que surja a mínima interferência de quem observa. Sendo uma obra em que o “polícia ganha”, (pelo menos parcialmente), toda a ação decorre na dependência da vontade do criminoso. Alex Cross vagueia pelas pistas falsas e verdadeiras que o criminoso deixa e o desenlace dá-se por acaso, não pela capacidade de dedução ou pela perspicácia do protagonista.
Se o assassino domina o relato, gosto de criar empatia com ele, e ver que no fim ele se salva. Se é o polícia que protagoniza a investigação, gosto que ele “faça pela vida”, e que o seu trabalho de pesquisa resulte na descoberta do criminoso.

Pelas razões já expostas, não foi um livro que me tenha fascinado.

terça-feira, 6 de maio de 2014

O Mistério da Estrada de Sintra

Eça de Queiróz e Ramalho Ortigão não ficaram na história da literatura por serem autores de livros policiais, no entanto, são considerados os precursores da Literatura Policial Portuguesa.
A obra que escreveram em parceria, O mistério da estrada de Sintra,  nasceu de uma ideia de Ramalho Ortigão, e foi publicado em folhetim entre 24 de Julho e 27 de Setembro de 1870 no Diário de Notícias e mais tarde em livro.
Publicado diariamente sob a forma de cartas anónimas, o mistério intrigou os leitores da época, criando um clima de dúvida sobre o que realmente se teria passado, e fazendo acreditar que os factos eram verídicos. Apenas em 27 de Setembro Eça de Queirós e Ramalho Ortigão se identificam como os autores das cartas, classificando os textos como ficção.
Deve realçar-se que, alguns anos mais tarde, em 1884, numa das edições publicadas em livro, os autores consideram a sua obra execrável, fazendo mesmo humor com pormenores do texto que tinham escrito 14 anos antes.
Não existe nesta obra uma investigação nem uma ação do criminoso que tenta iludir a justiça. Todo o romance é a narração de um crime, em que só no final se sabe quem o cometeu. Sabem-se os pormenores porque os diferentes protagonistas os vão narrando e não porque sejam resultantes de investigação. Noutros países já se escreviam obras, que sem dúvida tendo uma qualidade literária menor, tinham no entanto características policiais muito mais evidentes.
Para quem nunca leu e quer conhecer a evolução da literatura policial portuguesa não deixa de ser uma obra de referência.